Folia

Carnaval das campeãs leva milhares à avenida Bento neste fim de semana

As cinco agremiações encantaram o público com os sambas-enredos e a evolução dos componentes

Carlos Queiroz - Bateria animou os foliões na avenida

Uma mistura de euforia, alegria e nostalgia contagiou os foliões na noite de desfile das campeãs do Carnaval de Pelotas. Um evento atípico, por ser a retomada da folia após mais de dois anos de pandemia, e por não ter as características das últimas edições, quando escolas do grupo principal, as mirins, infantis, bandas e blocos burlescos competiam acirradamente pelo título de campeoníssima. Com os impasses gerados em torno da organização e captação de recursos, cinco agremiações optaram em fazer a alegria da população pelotense, em data e local diferentes, levando para a avenida Bento Gonçalves os sambas-enredos e a evolução dos componentes. O público, que compareceu em massa, gostou. E mais: lembrou dos antigos Carnavais da rua 15 de Novembro, da avenida Bento entre Deodoro e parque Dom Antônio Zattera e da Floriano, onde era só colocar a cadeirinha e ficar bem perto dos integrantes para aplaudir a passagem da escola do coração.

"A emoção de estar viva e viver esse momento é simplesmente único. Não tem explicação", disse a cabeleireira Jane Silveira, 50. O vendedor Manoel Domingues não escondia a alegria ao ver sua escola, a Mocidade do Simões passar pela passarela montada na avenida, com início em frente ao Hemocentro e dispersão na Marcílio Dias. "Que ano que vem seja bem melhor", desejou. Eles, como centenas de pessoas, pagaram ingressos para ficar em mesas montadas na calçada do colégio Pelotense, separados apenas por estrutura de ferro. Quem ficou bem pertinho, mas dormiu durante a passagem da Mocidade foi a pequena Alice Luca Forte, de apenas 50 dias. A mãe, Jéssica Sale Luca, 30, que sempre foi da Mocidade, brincou que é importante que a pequena conheça o quanto a folia faz bem para vida das pessoas.

Do outro lado, pelo canteiro da Bento, com um quilo de alimento não perecível, outras centenas de pelotenses se organizaram, uns em suas cadeiras de praia, outros em pé, para assistir o espetáculo. "Isso me lembra os antigos carnavais de Pelotas. Mas entendo que o Carnaval de rua no bairro está tendo mais preferência que os concursos das escolas", disse a aposentada Judite Laura, 66. Leontina Santos, 72, não esteve no Carnaval do Porto, onde ocorreu o concurso de bandas e burlescos, mas adorou poder voltar a ficar sentadinha bem perto da pista. A família, que adora a folia, foi assistir a escola do coração, a General Telles, última a entrar na passarela e arrastar os foliões no encerramento da noite.

Na passarela

O formato foi adequado devido à redução de orçamento, mas com a garantia de todos os requisitos, como comissão de frente, porta-estandarte, mestre-sala e porta-bandeira, baianas, passistas, tituladas, bateria, harmonia, alas, e muito samba no pé, A Mocidade do Simões falou das festa juninas com direito a casamento na roça. A Ramirinho falou do chocolate com o samba-enredo Do cacau ao chocolate, com doçura, a Ramirinho invade a passarela. Já a Academia do Samba apresentou um mix de enredos, mostrando um pouco o que seria apresentado em 2020, o escolhido para 2023 e que entrará no páreo do Carnaval de 2024. A Unidos do Fragata falou da tradição da escola e seus títulos homenageando figuras ilustres da agremiação. A Tradicional General Telles levou para a passarela os 70 anos da escola, agora comemorando quase 73, pois seria o tema antes da pandemia. Em média foram de 200 a 300 componentes em cada entidade, sem a obrigatoriedade de apresentação de carros alegóricos.

A realização do evento foi da Secretária Municipal de Cultura (Secult), Associação das Entidades Carnavalescas (Assecap), junto com as cinco escolas de samba, e com o apoio dos vereadores Barriga (UB) e Carlos Júnior (PSD). Para as entidades, o Carnaval popular, com caráter social, vai beneficiar muitas famílias carentes, pois os alimentos arrecadados serão destinados para a Secretaria de Assistência Social (SAS).

"O Carnaval de Pelotas está em fase de transição há alguns anos. Uma transição cultural que foi atrapalhada pela pandemia. Essa mudança gera uma vulnerabilidade, e não deixa de ser entre aspas uma crise, mas que se transforma em oportunidade nova. Acho que estamos gestando um novo Carnaval de Pelotas tão forte quanto os de antigamente", disse a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) ao lembrar que o Poder Público é apenas um apoiador, sendo que a organização é da Associação das entidades.

Parceria Regional

Quem participou do evento foram os secretários de Cultura de Arroio Grande, Anelise Carriconde, e de Rio Grande, Luís Henrique Drevnovicz. Integrantes do Conselho dos dirigentes de Cultura da Zona Sul, a presença foi para identificar a potencialidade de cada região através do seu Carnaval. "Viemos para dar esse aporte e observar as vantagens que cada cidade oferece para criar um Tour Carnaval Zona Sul para que foliões e turistas possam organizar seu calendário", disse Anelise. Para Drevnovicz, a participação popular é muito forte e os organizadores não podem abrir mão disso. "Em Rio Grande, onde o Carnaval de escolas não ocorre há seis anos, está sendo recuperado ao pouco e vamos tentar fazer uma coisa só, unindo a tradição dos blocos do Cassino e a beleza das agremiações."

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

TJ-RS doa R$ 86 milhões aos hospitais para atendimentos oncológicos Anterior

TJ-RS doa R$ 86 milhões aos hospitais para atendimentos oncológicos

Confira o cronograma de vacinação de 20 a 25 de março Próximo

Confira o cronograma de vacinação de 20 a 25 de março

Deixe seu comentário